quarta-feira, 9 de maio de 2012

Interior



Passando-se as dunas
Infinitos grãos de areia
Assoreado, talvez o vento chegue até lá
Um lugar claro
Obscurecido pelo próprio ofuscar das luzes
Estarrecido pela rigidez da luz do sol
Nas suas noites a escuridão é tão profunda,
Que não se difere o negro do branco.
Neste deserto um homem desesperado tentava acalmar-se
Como chegara até ali?
Viera sozinho?
Indagava
Chorava
Sentia que estava nu
Totalmente nu
A luz queimava seus olhos
Tentava lembrar sua vida
Não havia vida
Lembrava-se apenas de passagens sórdidas
Que teriam sido o melhor de uma existência
E o vazio que sentia por dentro
Era infinitamente maior que o deserto em que se encontrava
Porém queria viver
Queria mudar
Queria ser
Mas o medo, ah o medo!
O medo não o deixava
Medo da morte?
Não.
Medo da vida.
Da incógnita.
Da dúvida eterna que nos rodeia
E que às vezes faz valer à pena
Um fim de tarde de um domingo ocioso qualquer
E nos faz agarrar aos  últimos fiapos de esperança
O homem deitou na areia
Estava quentíssima
Queimava sua pele
Mas não se importava
Esperava
Mas o que?
Respostas?
Talvez.
Creio que não
E quando se levantava
E olhava aquele oceano de areia
Sentia-se cada vez mais insignificante
                                 E cada vez mais infinito.

Autor: Vinícius Tadeu Soares Barbosa 

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