Não.
Não falarei.
Não desperdiçarei
estas linhas transcorrendo sobre o sentido da existência,
Ou qualquer confusa
doutrina racionalista ou filosófica que me inquieta a alma.
Não.
Afinal, parece que
no fundo não há sentido e não precisa ter sentido algum.
A vida existe em si
mesma e basta.
Também não falarei
sobre a solidão que sinto às seis horas da manhã,
Quando a penumbra ainda
governa o
mundo e o amanhecer com os primeiros raios de sol invade a sala e
aquece um pouco o meu espírito.
Não.
Não é necessário.
Falarei de um avião
de papel jogado por um menino,
Que se deslumbra com
o planar do vôo fugaz do objeto,
Enchendo de êxtase o
momento e de verdadeira alegria o garoto.
Creio que não é
desperdício falar de bonecas,
De corridas de
bicicletas,
De brincadeiras de
pique esconde,
Da alegria pura nos
olhos das crianças,
Do carinho terno de
uma moça ao receber sua primeira flor,
Da primeira paixão
não correspondida,
Do despertar dos
desejos,
Da explosão dos
sentimentos num mero toque do olhar,
Do doce amargor da
cevada em teus lábios molhados de cerveja.
Falarei disso,
Até que fique
exausto e não consiga mais falar.
Autor: Vinicius
Tadeu Soares Barbosa