Da va randa
de minha casa dá pra ver a copa das árvores, que ficam em frente.
De manhã faz frio e, às vezes, vejo o nascer do sol tomando
um cappuccino quente.
O vapor da bebida entra em minhas narinas e aquece minha
alma com o delicioso odor do líquido.
Num destes dias de inverno, encontrei um amigo que não via
há mais de dez anos.
Mais de dez anos...
Conversamos um pouco sobre nossas vidas durante o período em
que não nos vemos.
Ele era um amigo querido, dos mais próximos que tive.
Passamos parte de minha infância e adolescência nos vendo
quase todos os dias.
Quem diria, naquela época, que nos afastaríamos tanto?
Que ficaríamos mais de dez anos sem nos ver?
Ele sequer conhecia meus filhos, tampouco eu os dele.
Quantos amigos tive que já caíram no meu esquecimento?
Que sequer me lembro de que passaram em minha vida?
No esquecimento de quantos amigos eu próprio já cai e não resta
nenhuma lembrança de minha presença?
Quantos que convivi levaram a moeda ao barqueiro sombrio e
eu sequer soube?
A vida segue sempre o seu rumo, o seu caminho inexorável.
No fim do dia, me restam o frio, um vinho e um olhar fugaz
das distantes luzes que vejo de minha varanda.
Autor: Vinícius Tadeu Soares Barbosa