quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Meu Pequeno




Meu pequeno eu

A alegria de todos os meus dias.

Quando corre atrás do carro gritando tchau,

Sinto a felicidade de estar vivo,

Desfrutando a ingenuidade de seu sorriso verdadeiro.

As cócegas que minhas mãos lhe fazem

São as mais puras carícias que meu coração lhe deseja.

Não há metafísica quando está por perto,

Não há tristeza.

Apenas sorrisos e abraços,

Gargalhadas para que possa saltitar.  

Calça os meus sapatos e põe as minhas meias

E sai pela vida a rodar e correr, sem se preocupar com qualquer possível amanhã.

Abraça-me forte e me diz que quer dizer alguma coisa, que não sabe o que é

E sorri pra mim, porque o mundo é seu.

És meu filho,

Minha nova chance de viver,

Meu orgulho,

Minha vida.      




Autor: Vinícius Tadeu Soares Barbosa

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Clara





Morena Clara,
Bolachas com leite e achocolatado,
Sua risada alegre sem preocupação
A simplicidade de viver cada instante
Como se a vida fosse uma eterna descoberta.

Clara morena,
Você torna presente o amor, o personifica.
Quando chora, é o amor que chora.
Quando me olha a espreita a brincar, é o amor a rodear-me.
Quando me abraça e me enche de beijos, é o amor a me acariciar.

Morena Clara,
Que se lambuza com chocolate e com mel,
Que devora os morangos vorazmente,
Como ficar triste ao seu lado?
Como chorar quando você sorri?

Clara morena,
Dá-me seus sonhos para que eu também possa brincar,
Beije-me delicadamente para que eu possa sonhar,
Viva alegremente para que eu possa respirar,
E saiba que eternamente a minha princesa você será.    




Autor: Vinícius Tadeu Soares Barbosa

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Guardanapos



Às vezes me pergunto o que fizemos de nossas vidas?

Por quê desistimos de trilhar o nosso caminho?

Afinal, tudo era paixão.

Com essa máscara grudada em meu rosto,

Eu não me reconheço no espelho.

Entranho.

Sinto-me estranho.

Alheio.

Sinto-me alheio as coisas do mundo.

No meu interior as flores desabrocham,

As árvores, como no cerrado, já se renovaram.

O chão, contudo, continua queimado do grande incêndio que você causou.

Mas me arriscaria novamente.

Deixaria que as chamas me queimassem por dentro,

Para te possuir por mais um segundo.

Quando você deixou de existir, abandonei as lutas.

Entreguei-me ao vento para que me levasse, para qualquer lugar que apagasse da memória a sua lembrança.

Estranho.

Já faz tanto tempo e ainda me sinto estranho.

Talvez, dentre bilhões de estrelas em bilhões de galáxias exista algo eterno.

E o eterno viva dentro de mim.          



Autor: Vinicius Tadeu Soares Barbosa

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Dionísio



Não quero o morno em minha vida. 

Quero a paixão, a explosão, o sentir um turbilhão em minha alma. 

Não quero a tranquilidade de uma vida vazia de sentido, que procura em divertimentos vãos o estar contente. 

Eu quero o deleite, o saltar de braços abertos no precipício dos sentidos.

Quero uma vida cheia de alegrias transbordadas e não um mero raciocínio silogístico sobre o que fazer em um momento.

Eu quero o beijo lascivo, a embriagues do amor, o delírio doce da saliva em teus lábios.

Eu quero um cálice de vinho.

Não.

Eu quero um litro de vinho.

Melhor, a vinícola inteira.

Eu quero o mar, eu quero a vida.

E quando o meu tempo se esgotar,  

Que eu sinta apenas aquela leve ternura de uma chuva fina ou de um pôr do sol silencioso.   




Autor:  Vinicius Tadeu Soares Barbosa 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Falácias



Numa manhã de uma quarta feira cinza,
Após o ritual que faço todos os dias,
Deparo-me com uma de minhas fotografias antigas.
Olho devagar para o meu rosto mais jovem e mais magro
E ponho-me a pensar em mim mesmo com certa nostalgia,
Que, há tempo, não sentia.
Mas, de súbito, emerge das profundezas de minha alma a pergunta vã que sempre me fiz.
Afinal, o que sou?
Será que sou o que tenho?
Ou as lembranças do passado me fazem ser eu?
Talvez seja o que aprendi, ou as batalhas que travei,
Ou as viagens que fiz tentando preencher sentimentos que ainda não compreendo?
Será que eu sou o que eu creio? Ou o que eu não creio?
Quem sabe, como querem os gurus orientais, seja eu apenas a consciência abstrata que se encontra submersa em meus pensamentos e recordações.
Talvez seja apenas a sorte de ter nascido aqui ou ali, no Brasil, na China ou no Oriente Médio?
Quem sabe a carga genética?
Serão meus preconceitos, minha religião, minha orientação sexual, a razão de eu ser eu?
Talvez seja o que a TV diz que eu sou?
Percebo que no fundo não vale a pena gastar um pensamento com isso.
E que na verdade eu sou o nada e sou o tudo.
E que um dia, o tudo e o nada se nivelarão em um silêncio absurdo que me aguarda.