sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Falácias



Numa manhã de uma quarta feira cinza,
Após o ritual que faço todos os dias,
Deparo-me com uma de minhas fotografias antigas.
Olho devagar para o meu rosto mais jovem e mais magro
E ponho-me a pensar em mim mesmo com certa nostalgia,
Que, há tempo, não sentia.
Mas, de súbito, emerge das profundezas de minha alma a pergunta vã que sempre me fiz.
Afinal, o que sou?
Será que sou o que tenho?
Ou as lembranças do passado me fazem ser eu?
Talvez seja o que aprendi, ou as batalhas que travei,
Ou as viagens que fiz tentando preencher sentimentos que ainda não compreendo?
Será que eu sou o que eu creio? Ou o que eu não creio?
Quem sabe, como querem os gurus orientais, seja eu apenas a consciência abstrata que se encontra submersa em meus pensamentos e recordações.
Talvez seja apenas a sorte de ter nascido aqui ou ali, no Brasil, na China ou no Oriente Médio?
Quem sabe a carga genética?
Serão meus preconceitos, minha religião, minha orientação sexual, a razão de eu ser eu?
Talvez seja o que a TV diz que eu sou?
Percebo que no fundo não vale a pena gastar um pensamento com isso.
E que na verdade eu sou o nada e sou o tudo.
E que um dia, o tudo e o nada se nivelarão em um silêncio absurdo que me aguarda.