sexta-feira, 20 de março de 2015

Negação



Não. 

Não falarei.

Não desperdiçarei estas linhas transcorrendo sobre o sentido da existência,

Ou qualquer confusa doutrina racionalista ou filosófica que me inquieta a alma.

Não.

Afinal, parece que no fundo não há sentido e não precisa ter sentido algum.

A vida existe em si mesma e basta.

Também não falarei sobre a solidão que sinto às seis horas da manhã,

Quando a penumbra ainda governa o 
mundo e o amanhecer com os primeiros raios de sol invade a sala e aquece um pouco o meu espírito.

Não.

Não é necessário.

Falarei de um avião de papel jogado por um menino,

Que se deslumbra com o planar do vôo fugaz do objeto,

Enchendo de êxtase o momento e de verdadeira alegria o garoto.

Creio que não é desperdício falar de bonecas,

De corridas de bicicletas,

De brincadeiras de pique esconde,   

Da alegria pura nos olhos das crianças,

Do carinho terno de uma moça ao receber sua primeira flor,

Da primeira paixão não correspondida,

Do despertar dos desejos,

Da explosão dos sentimentos num mero toque do olhar,

Do doce amargor da cevada em teus lábios molhados de cerveja.

Falarei disso,

Até que fique exausto e não consiga mais falar.       


Autor: Vinicius Tadeu Soares Barbosa

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